Depois de ler este artigo fiquei a reflectir, tentando antever que tipo
de cidadãos terá a Holanda daqui a dez ou quinze anos, se a maioria das
crianças e jovens acederem a este modelo de “ensino”. Se hoje já se distanciam
tanto dos problemas que afectam os seus parceiros da União Europeia mais dados
a festas e romarias (de preferência, à borla), não será de admirar que, no
futuro, e por este caminho, se sintam mais confortáveis a lidar com robôs do
que com seres humanos. Mas como posso não estar a entender bem o alcance e as
repercussões desta “reforma”, traduzi o artigo e publico-o aqui quase na
totalidade, pois pode haver alguém que me indique o que tem de virtuoso.
«Muitas
escolas usam iPads. Mas, e se toda a experiência educativa fosse oferecida via
tablet? Isso é o que algumas novas escolas na Holanda estão a planear fazer.
Não haverá o quadro negro nem programas escolares. Será o fim da sala de aula?
Pensem
diferente. Isto foi mais do que um anúncio publicitário. Foi um manifesto e,
com isso, o ex-presidente da Apple, Steve Jobs, revolucionou a indústria dos
computadores, da música e o mundo dos telemóveis. O plano seguinte do
visionário do digital era introduzir mudanças radicais nas escolas e nas
editoras de manuais escolares, mas morreu de cancro antes de o conseguir
executar.
Algumas das ideias que talvez tenham ocorrido a Jobs, estão
agora a ser concretizadas na Holanda. Onze “Escolas Steve Jobs” abrirão em
Agosto, estando Amesterdão entre as cidades que acolherão esse tipo de escola.
Cerca de mil crianças, com idades entre os 4 e os 12 anos, irão a essas
escolas, sem cadernos, livros ou mochilas. Cada uma delas, contudo, terá o seu
próprio iPad.
Não
haverá quadros, giz ou salas de aula, salas de professores, aulas formais,
planos de aulas, carteiras, canetas, professores a ensinar à frente da turma,
horários, reuniões de pais com os professores, notas, toques para intervalo,
nem dias de escola e de férias previamente estabelecidos. Se uma criança
preferir jogar no seu iPad em vez de aprender, não haverá problema. E as
crianças escolherão o que desejam aprender com base no que lhes desperta
curiosidade.
As
adaptações já estão a ser feitas em Breda, uma cidade perto de Roterdão, onde
uma das escolas ficará instalada. Gertjan Kleinpaste, o reitor de 53 anos de
idade, está consciente de que a sua escola iPad na Schorsmolenstraat poderá
tornar-se, em breve, destino para invejosos – e também para indignados –
reformistas da educação de todas as partes do mundo. (…)
O
ano passado, ele era o reitor de uma escola que tinha três computadores, o que
achava frustrante. “Já não estava a acompanhar os tempos”, diz ele. Em breve
(13 de Agosto de 2013), Kleinpaste será um membro da era digital avançada. E
está convencido de que “o que estão a fazer parecerá normalíssimo em 2020”.
As
escolas Steve Jobs estarão abertas entre as 7:30 e as 18:30 de segunda a
sexta-feira. As crianças entrarão e sairão quando quiserem, desde que estejam
presentes no período principal, entre as 10:30 e as 15:00. As escolas
encerrarão apenas pelo Natal e Ano Novo. As famílias das crianças poderão ir de
férias quando lhes aprouver, e nenhuma criança terá de ficar preocupada se
faltar às aulas por causa disso, uma vez que já não existirão aulas no sentido
tradicional.