Tendo chegado ao fim a Conferência promovida pelas Nações Unidas, sobre Desenvolvimento Sustentável, que se realizou no Rio de Janeiro, Brasil – a Rio +20, e cujos resultados foram tão decepcionantes como os das que se efectuaram antes desta, particularmente por falta de vontade política para alterar a situação, deixo a declaração final da WWF (World Wide Fund for Nature) de 22 de Junho de 2012, onde, pelo menos, se constata a vontade de não baixar os braços, à semelhança de muitas outras ONG e de cidadãos empenhados por esse mundo fora: «Com as negociações a chegarem ao fim, o director geral da WWF, Jim Leape, emitiu hoje a seguinte declaração final àcerca da Conferência Rio +20:
Esta foi uma conferência sobre a vida: sobre as gerações futuras; sobre as florestas, oceanos, rios e lagos de que todos nós dependemos para a nossa comida, água e energia. Foi uma conferência para abordar o desafio premente da construção de um futuro que nos pode sustentar.
Infelizmente, os líderes mundiais que se reuniram aqui perderam de vista esse objectivo urgente.
Com muito poucos países dispostos a pressionar para a acção, a presidente brasileira, Dilma Rousseff, escolheu conduzir um processo sem conteúdo sério – em detrimento do planeta.
O resultado é uma oportunidade desperdiçada – um acordo que não encaminha o mundo em direcção ao desenvolvimento sustentável.
A urgência de agir, no entanto, não mudou. E a boa notícia é que o desenvolvimento sustentável é uma planta que tem raízes, que irão crescer independentemente de liderança política fraca.
Ainda assim estão a surgir lideranças activas em comunidades, cidades, governos e empresas que estão a colocar o objectivo de proteger o nosso ambiente, reduzir a pobreza, e de nos mover em direcção a um planeta mais sustentável em lugar prioritário.
O que precisamos é de acções em todos os lugares, de pessoas individuais, vilas, cidades, países, pequenas e grandes empresas e organizações da sociedade civil e movimentos. Nós precisamos que todos assumam a responsabilidade que os líderes mundiais não conseguiram assumir na Conferência do Rio.
Todos nós devemos redobrar os nossos esforços e esperar que com o tempo se abra espaço político para um processo multilateral, como Rio +20 para a mudança.
Alguns dos grandes compromissos feitos fora da sala de negociação, no Rio, incluíram: governos, bancos, investidores e CEOs que voltaram a chamar a atenção para a valorização e contabilização do capital natural. E nove bancos, investidores e seguradoras (incluindo a Caixa Económica Federal, Caisse des Depots, China Merchants Bank, Natural Australia Bank, Standard Chartered + 50 países, Botswana, África do Sul, Reino Unido + corpo Unilever, Puma, Dow Chemical) fizeram um apelo colectivo para a valorização do capital natural e contabilidade na Rio +20, com a Declaração de Capital Natural.
Moçambique – o Presidente Armando Guebuza de Moçambique anunciou o lançamento do Roteiro de Moçambique para uma economia verde. O plano cobre as estratégias nacionais para aplicar os princípios da economia verde ao desenvolvimento das cidades, a agricultura, fontes de energia, investimentos na manutenção e melhoria de seu capital natural, incluindo um representante terrestre e marinho na rede de protecção área multi-uso. O plano será desenvolvido e implementado em colaboração com os principais parceiros em todo o mundo, como o governo anfitrião da conferência, o Brasil.
As Maldivas anunciaram uma reserva maior do mundo marinho. As Maldivas têm usado a Conferência Rio +20 das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, no Brasil, para anunciar a todos que as suas 1.192 ilhas vão tornar-se numa reserva marinha em 2017.
O governo britânico anunciou que o Reino Unido será o primeiro país do mundo a forçar grandes empresas para que meçam a sua pegada de carbono. O sistema fará com que mais de 1.000 empresas tenham que medir as suas emissões de gases de efeito estufa na íntegra.
O Presidente da Indonésia fez amplos compromissos para alcançar um "futuro sustentável" na Indonésia, fortalecendo, financeira e politicamente, as instituições e cooperação com as principais nações que tenham florestas tropicais.
Oito dos maiores bancos do mundo anunciaram o desenvolvimento numa mudança de investimento fundamental de estradas para o transporte público, em US $ 175 biliões de dólares, como forma de promover a iniciativa, autocarros, comboios e ciclo-vias. Este foi o maior compromisso monetário feito durante a Rio +20 para o desenvolvimento sustentável.
O WWF sairá da Rio +20 com o compromisso de lutar por:
Objectivos de Desenvolvimento Sustentável – Esses objectivos devem ser uma evolução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio e indicar áreas temáticas, tais como alimentos, água, energia, oceanos e metas a definir num processo para criá-los, financiá-los e medi-los.
Para riqueza valor natural – O mundo ainda precisa de indicadores que possam medir a qualidade do meio ambiente, natureza, biodiversidade e ecossistemas lado a lado com o desenvolvimento dos indicadores económico (PIB) e social (IDHAD) existentes.
Reforma dos subsídios: um relatório anual transparente e actualizado sobre as reformas de subvenções que conduzam à eliminação, até 2020, de todos os subsídios prejudiciais ao ambiente, em particular os subsídios aos combustíveis fósseis, deve ser uma prioridade global.
Oceanos e sua gestão: Algum progresso foi atingido no Rio sobre esta questão, mas ainda é preciso melhorar a gestão dos oceanos, incluindo a questão da conservação e uso sustentável dos mares altos, fora das fronteiras nacionais.
Um Programa Ambiental mais forte da ONU: Fortalecimento do PNUMA deve ser uma prioridade, com financiamento e autoridade que proteja adequadamente o meio ambiente mundial.»
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