Mais uma vez, o povo suicidário (nós, segundo Unamuno) foi
impedido de tal acto porque a “mãe” (a razão) guardou e trancou muito bem os
venenos. Mas alguns suicidários estão furiosos porque só se sentem bem no mundo
da fantasia, dada a sua incapacidade para lidarem com as dificuldades do mundo
real. É certo que o Presidente da República (PR) atravessou uma fase de
alucinação ao ver uma impossibilidade, e que era a concretização de um
compromisso de médio prazo entre o PS, o PSD e o CDS-PP, de modo a salvaguardar
a estabilidade no país e para garantir que os compromissos decorrentes da
assistência financeira da troika seriam cumpridos, mesmo depois da data
prevista para a conclusão do resgate, Junho de 2014. Mas o PR esqueceu-se, também,
de que não vive num país civilizado, como aqueles a que se referiu na
comunicação de 21 de Julho e que, salvo erro, se encontram no centro e norte da
Europa. Aqui, no sul da Europa, creio que muitos políticos mais facilmente
dariam a vida pelos partidos do que pelos seus países, embora não se coíbam de
afirmar que são grandes patriotas.
Recuperado da alucinação e recuperado o bom-senso que a
razão comanda, e tiradas as ilações da sua tentativa infeliz, o PR decidiu-se
pelo interesse do país, neste momento difícil, e isso é o que lhe compete. De
resto, espero que seja mais paciente do que eu para as gritarias e demagogias.
© Maria Paias
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