Diz
Jean-Jacques Rousseau, no Livro III, capítulo IV do livro O Contrato Social,
que «se houvesse um povo de deuses, governar-se-ia democraticamente», afirmação
que pode levar-nos a concluir que só entre iguais e com o mesmo estatuto seria
possível uma democracia perfeita, e que, portanto, esse sistema dificilmente
poderia ser mantido por simples mortais, como nós, vivendo em sociedades tão
estratificadas. E é nesta base de raciocínio que entendo as afirmações seguintes,
que já reproduzi noutro lugar, e que partilho aqui, porque transmitem não só as
vicissitudes de qualquer democracia actual, como nos lembram o que é de facto
importante e que se deve preservar a todo o custo: a liberdade.
«(...)
não há governo tão sujeito às guerras civis e às agitações intestinas como o
democrático ou popular, porque não há nenhum que tenda tão forte e
continuamente para mudar de forma, nem que exija mais vigilância e coragem para
ser mantido na sua. É sobretudo nesta constituição que o cidadão tem de se
armar de força e constância e dizer em cada dia da sua vida no fundo do coração
o que dizia um virtuoso Palatino (*) na Dieta da Polónia: "Malo
periculosam libertatem quam quietum servitium." ("Prefiro os perigos
da liberdade ao sossego da servidão.”)
(*) O Palatino da Polónia, pai do rei da Polónia, duque
da Lorena.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), O Contrato Social, Livro III, capítulo
IV
1 comentário:
Com a rebeldia que me é inerente, subscrevo Palatino.
"Prefiro os perigos da liberdade ao sossego da servidão".
E ocorre-me a famosa frase:
"Vale mais um cobarde vivo ou um herói morto?"
Lamentavelmente, é sempre a opção estúpida da vida.
Que se mantenha a coragem e a liberdade, valores universais e intemporais.
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