«A grandeza de alma é uma espécie de meio-termo entre a insolência e a baixeza. Refere-se à honra e à desonra; mas não à honra de que o vulgo julga, mas àquela de que são únicos juízes os homens de bem, e a que se reporta a grandeza de alma. Os homens de bem que conhecem as coisas e as apreciam no seu justo valor concederão a sua estima a quem mereça semelhante honra; e o magnânimo preferirá sempre a estima ilustrada de um coração que sabe quão verdadeiramente estimável é o seu. Mas o magnânimo não aspira a honras sem distinção; fixar-se-à apenas no mais elevado, e ambicionará este precioso bem, com o único objectivo de que possa elevá-lo à altura de um princípio. Os homens desprezíveis e viciosos que, crendo-se eles próprios dignos das maiores honras, medem pela sua própria opinião a consideração que exigem, são os que podem chamar-se de insolentes. Pelo contrário, os que exigem menos do que se lhes deve de justiça provam ter uma alma mesquinha. Entre estes dois extremos ocupa o meio aquele que não exige para si menos honras do que as que lhe correspondam, nem quer mais do que as que merece, nem pretende tampouco monopolizá-las. Este é o magnânimo e, repito, a grandeza de alma é o meio-termo entre a insolência e a baixeza.»
Aristóteles, La Gran Moral, Capítulo XXIII, De la grandeza de alma
(tradução minha)