Há
muitos, muitos anos que me questionei sobre a razão por que as empresas e os
empresários em nome individual tinham que pagar a Taxa Social Única (TSU) por
cada colaborador que admitiam, numa percentagem muito superior à que cabia a
cada colaborador, para a Segurança Social do próprio colaborador, já que apenas
estes usufruíam dos direitos que tal desconto implicava – subsídios de
desemprego, por doença, maternidade, reformas, etc., uma vez que, e nos casos
dos empresários em nome individual com pequenos comércios ou indústrias, o que
eu constatava é que, além de trabalharem 12 a 16 horas por dia, não só não
tinham nenhum daqueles direitos como, muitos deles, passavam uma vida de
trabalho sem saberem o que era gozar férias. Assim, e no meu raciocínio, seria
mais justo que o empresário não tivesse esse encargo, que não lhe diz respeito,
pois já lhe sobram as taxas, as licenças, os impostos, os seguros e todas as
despesas de funcionamento, e que o/os colaborador/es auferisse/em ordenados
melhores, consoante o seu mérito, fazendo com a sua capacidade de poupança o
que muito bem lhes aprouvesse no que respeita a seguros ou em aplicações que
lhes permitissem melhorar o valor da reforma.
Comparando
esta minha teoria sobre a TSU com a que o governo queria implementar (subir a
percentagem de desconto para os trabalhadores e descê-la para as empresas e
empresários em nome individual) não só não têm nada a ver uma com a outra, como
teria um efeito contrário ao que eu achava justo e que era o alívio total dessa
responsabilidade por parte das empresas e empresários, para que pudessem pagar
melhores ordenados, e não a quebra dos valores líquidos dos mesmos que se iria
verificar se a medida do governo fosse implementada.
Claro
que a minha teoria só faz sentido na minha cabeça e para um tempo em que a
economia funcionava minimamente, há umas décadas atrás, em que ainda
conseguíamos enxergar taxas de crescimento de 2% ao ano, ou coisa que o valha,
porque, na última década, nem isso, pois foi um tempo de instalação e de
crescimento do chamado “monstro”. E como a dívida pública não é mais do que o
somatório dos défices, e dado o volume que a mesma atingiu, e que, mesmo assim,
representa apenas um terço do valor da dívida externa do país, já que dois
terços desse valor é dívida dos privados, o que quer dizer que temos uma dívida
externa monumental, não é tempo para teorias, minhas ou alheias, mas para o
pragmatismo sensato de todos nós, mesmo que um qualquer António Borges nos
chame de ignorantes.