Fui desafiada a apresentar ideias para melhorar a eficiência
dos serviços prestados pelo Estado, bem como a fazer uma listagem de serviços
que este presta através de empresas que detém e em que os mesmos não
justifiquem que tenham que ser prestados por empresas públicas. Numa primeira
avaliação vieram-me tantas à mente que me pareceu que, se todas elas fossem
privatizadas de imediato, ficaria resolvida uma parte, embora pequena, dos
problemas financeiros do país. Depois, num outro grau de reflexão, dei-me conta
de que só um louco as compraria, mesmo que fossem vendidas pelo valor simbólico
de um euro, tal o caos financeiro e laboral em que se encontram.
Foi muita irresponsabilidade terem-se mantido as estruturas
do Estado Novo, às quais se acrescentaram as loucuras de sucessivos governos,
que culminaram nesta “coisa” que parece não ter ponta por onde se lhe pegue, de
modo a que, paulatinamente, se conseguisse transformá-lo em algo simples,
transparente, eficiente e sem os custos brutais da sua manutenção para os
contribuintes. E o que não é feito em devido tempo, movido pela vontade, com
ponderação e bom senso, mais cedo ou mais tarde tem de ser feito, mas por
necessidade, como é o caso presente.
Propositadamente não referi a reforma do Estado social, mas
a reforma do Estado como um todo, pois é esta que vai ser debatida antes do próximo
Verão, e também porque não conheço nenhum partido ou organização cívica que
defenda a extinção da função social do Estado, como, muitas vezes, se quer fazer
crer. Aliás, creio que essa função é de todas a mais nobre e cuja importância
se torna ainda mais evidente em tempos difíceis, e em que os custos para o
contribuinte estão sujeitos a menos polémica por parte da sociedade, pela sua
universalidade, não se devendo perder a sua orientação de base e que deverá ser
sempre a dos mais elementares direitos humanos.
Posto isto, volto à reflexão, que está a tornar-se numa
tremenda dor de cabeça.