O que sentirão as pessoas que não devem um cêntimo a quem quer que seja e que têm as suas poupanças, ao ouvir este matraquear diário àcerca das pessoas endividadas, sobre-endividadas, a quem toda a gente quer ajudar e ensinar a gerir o seu dinheiro, desde a DECO até à Câmara de Lisboa (no caso desta parece anedota), porque a taxa de juro de referência do BCE de vez em quando sobe e as taxas aplicadas pelos Bancos comerciais não param de subir, enfim, a ladainha sempre igual, todos os dias, de há um ano a esta parte? Ora, essas pessoas, as tais que não devem um cêntimo, gostariam de gritar bem alto que acham as taxas de juro muito baixas, que gostariam de ver as suas poupanças remuneradas de outro modo, quem sabe às taxas de 20% e 30% de que tantos ainda se lembram, mas não podem manifestar esse desejo porque os outros, os endividados, que não são mais do que pessoas irresponsáveis e/ou ignorantes, linchá-las-iam, pensando, talvez, tratar-se de seres malignos. Se ser-se honesto, responsável, culto, sensato é visto, actualmente, como uma anomalia, o que é que esperávamos?