S., pessoa que sofre de doença depressiva, nos períodos natalícios fecha-se em casa porque não aguenta ver as pessoas, quais baratas tontas, a correr de um lado para outro às compras, carregadas de sacos e de cansaço, muitas com olhar alienado, fisionomia inexpressiva, parecendo mais contrariadas do que felizes com todo este corrupio e, quando questionadas sobre o significado do Natal, ficam a olhar para o questionador como se lhes tivessem perguntado a fórmula química de um qualquer elemento raro.
É que S. é demasiado sensível e não consegue ser um mero espectador deste "nonsense" que ataca as massas, e que lhe provoca um sofrimento temporariamente inultrapassável que só o isolamento atenua.
Creio que haverá muitos S. por esse mundo fora, a quem, a única coisa que desejo é que consigam passar à fase seguinte na racionalização deste e doutros comportamentos das massas, de modo a que as possam ver como realmente elas se mostram - dignas de pena.
Muitas delas sairão deste período também tristes, senão destroçadas, porque as suas expectativas foram completamente frustradas quer pela família, quer pelos amigos, quer pelas prendas que deram e receberam, quer pelo cansaço, o que não é motivo de regozijo para ninguém, mas também parece não ser razão para alterar comportamentos porque, no Natal seguinte, fazem exactamente o mesmo.
Abraços para todos os S.