Ser em continuidade
«Propor a alguém que seja outrem, que se faça outro, é como que propor-lhe que deixe de existir pessoalmente. Cada qual defende a sua personalidade, e só aceita mudança no seu modo de pensar ou de sentir, na medida em que essa mudança possa entrar na unidade do seu espírito e inserir-se na sua continuidade; na medida em que essa mudança possa harmonizar-se e integrar-se em tudo o mais da sua maneira de ser, de pensar e de sentir, e possa, ao mesmo tempo, entrelaçar-se nas suas recordações. Nem de um homem, nem de um povo - que, em certo sentido, é um homem também - se pode exigir mudança que rompa a unidade e continuidade de sua pessoa. Podemos transformá-lo muito, quase que por inteiro - mas dentro da sua continuidade.»
Miguel de Unamuno, Do Sentimento Trágico da Vida, Relógio D'Água, 2007, p.17
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