Nestas coisas dos “think tanks” para a reforma estrutural do
Estado vem-nos à cabeça cada ideia para um determinado sector público, que, ao
vermos a cara de espanto dos que nos rodeiam, ficamos na dúvida se nos saiu um
disparate completo ou algo em que ninguém tinha pensado e que, porventura, seja
uma ideia a considerar e a aprofundar.
A propósito da ainda excessiva concentração no Ministério da
Educação das decisões que respeitam a todos os níveis de ensino, e que fazem
dele aquele “monstro”, embora paulatinamente se tenha vindo a dar autonomia às
escolas para a resolução de alguns problemas, e foi nesse sentido que entendi a
afirmação de Nuno Crato de que seria necessário “implodi-lo”, fica aqui uma
sugestão que poderá contribuir para o emagrecimento do “monstro”. Das muitas
associações de professores, há uma que engloba os que são favoráveis à criação
de uma Ordem dos Professores, não sei se é apenas porque acham chique a
designação, ou se estão a pensar numa Ordem profissional a sério com tudo o que
ela implica, tal como as Ordens dos Advogados, dos Médicos, dos Engenheiros,
etc., que têm também como função acreditar os respectivos cursos, sem a qual
não se pode exercer a profissão que cada qual representa, além da obediência
aos estatutos internos. À partida, estas Ordens são maioritariamente
representativas de profissionais liberais e não de funcionários públicos, como
é o caso actual dos professores. Ora, se fosse constituída uma Ordem dos
Professores com a mesma finalidade das que referi, e simultaneamente fosse dada
muito mais autonomia às escolas, o Ministério da Educação poderia dedicar-se às
outras funções que já tem e desempenhá-las muito melhor, enquanto a educação
ficaria exclusivamente a cargo de profissionais inscritos na Ordem respectiva.
Também ficaram com cara de espanto, ou estão a fazer contas
ao número de funcionários públicos que deixariam de ter esse estatuto sem
deixarem de exercer a sua profissão? Os professores/funcionários que querem a
sua Ordem, calculo que não estivessem a pensar em nada disto, pois já estou a
ouvir muito ranger de dentes. Mas, quando se defende uma ideia, há que analisar
todas as suas implicações.
© Maria Paias