E se puséssemos a realidade entre parêntesis durante seis meses, o que é que poderíamos transformar ou reformar? Não estou a falar da epoché fenomenológica de Husserl, mas da epoché aplicada à nossa realidade política e administrativa, mais concretamente ao regime democrático. Colocado este entre parêntesis, ou suspenso, durante seis meses, poderíamos, por exemplo, decretar o despedimento colectivo dos professores, a sua desvinculação da função pública, dar às escolas toda a capacidade de contratar e despedir professores consoante as suas necessidades e com base nos respectivos "curricula", seleccionando as escolas os melhores professores para os seus objectivos e padrões bastante elevados.
Isso reduziria o número de funcionários públicos, o que seria bom para o Orçamento Geral do Estado, os impostos desceriam, aumentaria o grau de exigência das escolas face aos professores e destes face aos alunos, o que seria bom para o País.
Depois acordei e continuei a ouvir a vozearia das últimas semanas e a marcação de mais uma greve da função pública.
Voltei-me para o outro lado e tentei sonhar com outros decretos reformadores.