Aplaudo e subscrevo as considerações no Jansenista: Twitter - o morse da morsa.
terça-feira, 31 de março de 2009
domingo, 29 de março de 2009
Um postal de desamparo e solidão
Ontem, num estabelecimento comercial de Carnaxide onde existe um quadro onde se colocam postais com pequenos anúncios de particulares (compra e venda de carros usados, de computadores, de mobiliário e imobiliário, de disponibilidade para trabalho doméstico, de explicadores, etc.), reparei não num, mas em três desses postais, por serem todos iguais no conteúdo e da mesma pessoa - uma senhora. Como nestes quadros não é usual que se coloquem três anúncios iguais em simultâneo, este evento tanto pode resultar da grande urgência numa resposta à situação, senão mesmo de algum desespero por falta dessa resposta. O teor do postal é o seguinte: «Preciso de menina séria para vir morar em minha casa. Só paga água, luz, gás e TVTel a meias. Eu preciso que essa pessoa olhe pela casa e me dê remédios a horas. É muito urgente. Entrada imediata e com referências. Pode ter o seu emprego na mesma, não há problema». Segue-se o nome, endereço e n.º de telemóvel da senhora. Localidade: Carnaxide.
Mesmo não correspondendo ao perfil, como é que se pode ficar indiferente a este tipo de apelos de alguém que não conhecemos mas que mora a uns escassos cem metros de nós? Torna-se-me quase um "imperativo categórico" conhecer a situação in loco.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Crimes e castigos - o caso Josef Fritzl
No caso dos crimes do austríaco Josef Fritzl, tenho a sensação de que quem vai sofrer uma pena perpétua são as vítimas, não o autor dos crimes. Este recolherá a um estabelecimento prisional onde não se preocupará mais com a sua subsistência nem com a sua saúde física e mental nem, possivelmente, com as suas necessidades espirituais (música, livros, etc.). As vítimas, mesmo que mudem os seus nomes, a sua aparência, a sua nacionalidade e, até, de país, terão sempre "jornalistas" sem escrúpulos a tentar descobri-los para os expor, quais atracções de circo, e, por outro lado, nunca conseguirão fugir das suas vivências dolorosas que estão armazenadas aí, no cérebro, nesse "cantinho" da memória que não é passível de transplante ou de apagamento.
domingo, 15 de março de 2009
Helena Cordeiro - lançamento do livro O Papel Principal
Na próxima terça-feira, dia 17 de Março, às 18,30 h, Helena Cordeiro lança o livro "O Papel Principal: Um estudo de caso - As capas da Elle de Edição Portuguesa", no Edifício da Reitoria da Universidade Católica Portuguesa, piso 1.
Sobre a obra:
«Há muito enclausuradas entre os preconceitos da dita intelectualidade e o desinteresse académico, as revistas femininas seguem o seu caminho, aparentemente imunes às críticas.
Nesta obra, Helena Cordeiro procura não só entender a correlação existente entre as implicações disciplinares deste tipo de imprensa de género e a sua representação globalizada da mulher e do feminino, mas também a razão para o aparente nó cego criado pelo prazer retirado da sua leitura e a simultânea vergonha por lê-las.
O que as capas das revistas femininas internacionais ou Glossies oferecem, tanto em termos imagéticos como textuais (expressos nas chamadas de capa), por forma a apelar à sua leitura, bem como a forma como são vistas e lidas por uma amostra seleccionada de leitoras portuguesas, são os pontos principais desta análise que persegue a necessidade de compreender o proper locus de ócio da mulher moderna e a sua óbvia ligação ao prazer.
Com o prefácio do Professor Doutor Rogério Santos, «O Papel Principal» é uma obra de consulta obrigatória para quem pretenda estudar o papel das revistas femininas num contexto editorial português.»
Sobre a autora:
Helena Cordeiro é licenciada em Relações Internacionais pelo ISCSP de Lisboa e Mestre em Ciências da Comunicação e Indústrias Culturais pela Faculdade de Ciências Humanas da UCP.
Actualmente trabalha na Assessoria Política e nas Relações Públicas de uma Missão Diplomática em Portugal.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Egas Moniz - comemoração dos 60 anos de atribuição do Nobel
sexta-feira, 6 de março de 2009
Sexo - da sacralização à repugnância
«Para nós, as partes genitais são já há longas gerações as pudenda, objectos de vergonha e, em caso de maior recalcamento sexual, mesmo de repugnância. Lancemos um olhar de conjunto à vida sexual do nosso tempo, em particular à das camadas sociais que são portadoras da civilização humana, e seremos tentados a dizer: é apenas a contragosto que os seres humanos de hoje, na sua maioria, se submetem às exigências da procriação e, ao fazê-lo, sentem-se ofendidos e rebaixados na sua dignidade humana. O que subsiste entre nós da outra concepção da vida sexual refugiou-se nas camadas populares baixas, que se mantiveram rudes, e dissimula-se nas camadas mais elevadas e requintadas, como culturalmente inferior, e não se manifesta por actos senão à custa das amargas censuras da má consciência. Tudo isto era bem diferente nos tempos primitivos do género humano. Dos dados trabalhosamente recolhidos pelos especialistas das civilizações podemos retirar a convicção de que as partes genitais eram originalmente o orgulho e a esperança dos seres humanos, eram objecto de veneração divina e transferiam a divindade das suas funções a todas as novas actividades a que o homem se dedicava. Da sua essência surgiram, por sublimação, inúmeras figuras de deuses e, na época em que a relação entre as religiões oficiais e a actividade sexual estava já oculta à consciência colectiva, certos cultos secretos esforçaram-se por mantê-lo vivo junto de um certo número de iniciados. Finalmente aconteceu que, no decurso do desenvolvimento da civilização, tantos elementos divinos e sagrados foram extraídos da sexualidade que o remanescente desta se tornou objecto de desprezo. Mas em virtude da indestrutibilidade inerente a todos os vestígios psíquicos, não devemos admirar-nos de que mesmo as formas mais primitivas de adoração dos órgãos genitais tenham persistido até épocas bem recentes e que linguagem, costumes e superstições da humanidade de hoje contenham sobrevivências de todas as fases deste processo de desenvolvimento.»
in Uma recordação de infância de Leonardo da Vinci, de Sigmund Freud
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