Para não se perder nada na tradução, deixo o original desta espécie de cartinha, com alertas, da Irlanda:
«Dear Portugal, this is Ireland here. I know we don't know each other very well, though I hear some of our developers are down with you riding out the recession.
They could be there for a while. Anyway, I don't mean to intrude but I've been reading about you in the papers and it strikes me that I might be able to offer you a bit of advice on where you are at and what lies ahead. As the joke now goes, what's the difference between Portugal and Ireland? Five letters and six months.
Anyway, I notice now that you are under pressure to accept a bailout but your politicians are claiming to be determined not to take it. It will, they say, be over their dead bodies. In my experience that means you'll be getting a bailout soon, probably on a Sunday. First let me give you a tip on the nuances of the English language. Given that English is your second language, you may think that the words 'bailout' and 'aid' imply that you will be getting help from our European brethren to get you out of your current difficulties. English is our first language and that's what we thought bailout and aid meant. Allow me to warn you, not only will this bailout, when it is inevitably forced on you, not get you out of your current troubles, it will actually prolong your troubles for generations to come.
For this you will be expected to be grateful. If you want to look up the proper Portuguese for bailout, I would suggest you get your English-Portuguese dictionary and look up words like: moneylending, usury, subprime mortgage, rip-off. This will give you a more accurate translation of what will be happening you.
I see also that you are going to change your government in the next couple of months. You will forgive me that I allowed myself a little smile about that. By all means do put a fresh coat of paint over the subsidence cracks in your economy. And by all means enjoy the smell of fresh paint for a while.
We got ourselves a new Government too and it is a nice diversion for a few weeks. What you will find is that the new government will come in amidst a slight euphoria from the people. The new government will have made all kinds of promises during the election campaign about burning bondholders and whatnot and the EU will smile benignly on while all that loose talk goes on.
Then, when your government gets in, they will initially go out to Europe and throw some shapes. You might even win a few sports games against your old enemy, whoever that is, and you may attract visits from foreign dignitaries like the Pope and that. There will be a real feel-good vibe in the air as everyone takes refuge in a bit of delusion for a while.
And enjoy all that while you can, Portugal. Because reality will be waiting to intrude again when all the fun dies down. The upside of it all is that the price of a game of golf has become very competitive here. Hopefully the same happens down there and we look forward to seeing you then.
Love, Ireland.»
(sublinhado meu)
Publicação original AQUI
2 comentários:
Quando, no início dos anos 80 aceitámos a entrada do FMI em Portugal, só não sentimos na pele de forma dramática essa "ajuda" porque, passados 3 ou 4 anos entrámos na CEE e o dinheiro começou a entrar a rodos, caso contrário, as pessoas teriam tido uma ideia mais concreta da "amizade" do FMI.
Desta vez, já não vai haver CEE (UE) que nos valha !
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Olá Eduardo,
Acabei de publicar o seu comentário e respondo já porque não sei quando volto a ter disponibilidade.
O FMI não "entrava" em país nenhum, se não fosse "convidado". E, mesmo assim, não prestava ajuda financeira e técnica a qualquer um que lha pedisse. Era necessário que, no país em causa, houvesse um governo estável para implementar as medidas necessárias à superação dos seus problemas, o que quer dizer que, se essas condições não existissem, o próprio FMI se recusava a ajudar/colaborar.
Não é pelo facto de alguns jornalistas dizerem disparates todos os dias sobre o funcionamento destas instituições, eles que têm a obrigação de ser rigorosos na informação que transmitem, que esses disparates se vão tornar verdadeiros.
Por outro lado, agora temos uma situação diferente por fazermos parte da zona euro da UE e do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), de que também faz parte o FMI com apenas 30% do capital (e de que continuamos também a ser sócios), pelo que, qualquer pedido de ajuda, neste momento, tem de ser apresentado ao FEEF, que analisa a situação e as medidas em conjunto com o FMI e com o governo português. Está a estudar-se uma flexibilização do acesso ao apoio do FEEF, onde, em certos casos, nem será necessária a participação do FMI, mas tudo isso vai levar muito tempo e talvez só entre em vigor a partir de 2013.
Neste momento temos um governo de gestão dos assuntos correntes, pelo que não vale a pena alargar-me em considerações sobre a sua legitimidade ou não para pedir ajuda ao FEEF, já que teria de apresentar medidas concretas e sérias para controlo do défice, o que não conseguiu fazer enquanto governo em pleno uso de todos os seus poderes constitucionais, bem pelo contrário, foi o responsável pela duplicação da dívida pública. Portanto, a ser concedido agora qualquer empréstimo do FEEF, só com muito boa vontade da UE ou da "caridade" de alguns Estados, além da interpretação que se fizer da Constituição Portuguesa sobre o que é permitido a um governo de gestão.
E nem me fale desse dinheiro que entrou "a rodos" depois da nossa adesão à CEE, porque todos sabemos como os diversos governos o esbanjaram.
Um abraço.
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