sexta-feira, 30 de abril de 2010

Acordo sobre a ajuda à Grécia está iminente

Um acordo sobre a ajuda internacional à Grécia, e na sequência de reuniões entre o Governo grego, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia, está iminente, e deverá estar concluído no próximo Domingo, dia 2 de Maio, aquando da reunião dos Ministros das Finanças da zona euro.
Entretanto, chegou-se a um acordo prévio entre o Governo grego, o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) sobre mais medidas de austeridade exigidas por estas três instituições, de modo a poder ser desbloqueado o mecanismo de ajuda financeira, num total de cerca de 145 mil milhões de euros para quatro anos.
Os sinais de abrandamento da pressão sobre Portugal e Espanha já começaram a fazer-se sentir hoje.

(Na imagem, da esquerda para a direita: Ministros das Finanças da Grécia, França e Bélgica.)
Foto por Reuters/ François Lenoir
Fonte: RFI

4 comentários:

Manuela Freitas disse...

Olá Josefa,
A ajuda à Grécia aconteceu, mas as medidas de austeridade impostas é que não agradaram nada aos gregos!
Não tenho grande conhecimento para uma análise crítica ao governo grego, mas é evidente que os custos da crise são sempre mais sentidos, pela classe média. Isto pensando que a classe baixa possa ter ajudas e que a mais alta tenha outro poder de encaixe.
Por cá, as medidas de austeridade também tinham que avançar e as grandes obras, os gastos do Estado, são sempre questões muito confusas e contraditórias!
Um grande abraço,
Manuela

Maria Josefa Paias disse...

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Olá Manuela,

Nem a Grécia tinha outra saída senão recorrer ao apoio dos países da zona euro e ao FMI, porque dentro de dias tem já uma dívida enorme para pagar, nem os países da zona euro tinham como protelar o acordo, porque a pressão sobre a moeda e os mercados começava a ser insustentável.

Quanto à crise grega e o que está na sua origem, já escrevi sobre isso, e em breves palavras poderei destacar a péssima gestão dos governos anteriores, os orçamentos falseados que apresentaram na União Europeia, a enorme corrupção que atravessa todos os sectores públicos e privados, etc, etc, e o que também não ajuda nada a que as coisas sejam de modo diferente, é o povo grego viver para o dia presente não querendo saber do dia de amanhã, muito menos, do futuro. Daí a Alemanha demorar mais tempo a concordar com esta ajuda porque sabe muito bem como os gregos são e é à Alemanha que cabe desembolsar a maior fatia.

Agora só temos de esperar para ver se o governo grego toma as medidas que lhe foram exigidas para salvar o país da bancarrota e, depois, se conseguirá pagar estes empréstimos contidos neste acordo, caso contrário ficaremos todos numa situação pior.

Obrigada e beijinho.

Manuela Freitas disse...

Olá Josefa,
Obrigada pelos esclarecimentos dados. Hoje por acaso em conversa com uma amiga, a mesma disse-me que os gregos usufruiam de 15º mês e reforma aos 52 anos, mas não fiquei muito convencida! Será verdade? Eu francamento não sei!
Beijo,
Manuela

Maria Josefa Paias disse...

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Olá Manuela,

Tudo isso é verdade. E agora que este governo vai passar a idade de reforma para os 63 anos, além de todas as outras medidas que lhe foram exigidas pelo acordo, bem como algumas reestruturações nos serviços da administração local, não falando do excesso de funcionários públicos que foram admitidos sem controlo pelos governos anteriores, temos o barril de pólvora que se vê nas ruas todos os dias.

Já agora, acrescento outra coisa, embora a Manuela não tenha questionado. Reparou que a pressão sobre os mercados voltou a fazer-se sentir, pois o alívio só durou 2 ou 3 dias (ontem foi a Espanha que esteve na mira), porque a dúvida sobre a capacidade da Grécia implementar todas as medidas necessárias é enorme, pelas razões que referi, e o dinheiro disponibilizado no acordo é uma gota de água no oceano de problemas que a Grécia tem. Na realidade ela necessitaria de uma soma astronómica, qualquer coisa como 10 vezes mais do que lhe foi posto à disposição com juros acessíveis (dado o rating actual da Grécia, o dinheiro que pedir aos bancos tem juros muito mais elevados do que os juros que os países da zona euro e o FMI lhe vão cobrar), e este valor que consta do acordo é já o dobro do que à partida se estava a pensar disponibilizar.

Como vê, Manuela, a situação é mesmo muito grave para toda a zona euro, uma vez que impera a desconfiança sobre a capacidade de alguns governos tomarem as medidas adequadas. E não devemos esquecer que a dívida externa portuguesa, em percentagem, é superior à da Grécia, e continuamos por aqui a assobiar para o lado como se isso não tivesse importância nenhuma. Eu escrevi aquele texto : "A Economia crescerá com pensamento positivo?", mas alguns não o compreenderam. Pensaram que eu estava num dia de brincadeira e de ironia, mas esqueceram-se que através da ironia se pode dizer e mostrar preocupação com o que se passa na realidade. E eu continuo a dizer que em certas matérias, quando está em causa o país, preferia não ter razão.

Obrigada e beijinho.