Hoje fui entregar uns livros à Biblioteca e resolvi passar pela livraria e, enquanto via os livros expostos na montra, numa mesa da esplanada do café ao lado, uma senhora dizia para outra: «Prefiro uma democracia musculada a uma parvoíce pegada». Como ouvimos, lemos e até escrevemos parvoíces, mesmo fora das campanhas eleitorais, pensei apenas que a senhora era dada a rimas. Mas quando a interlocutora lhe perguntou: «Então o seu voto vai para Manuela Ferreira Leite, não?». Vi que a senhora começou a mudar de cor, a abanar-se com um leque (e eu olhava para os livros mas já não os via, tal o interesse em ouvir a resposta à pergunta, causa daquela agonia) e ela disse por fim: «Nessa senhora? O meu netinho mais novo, assim que a vê na televisão, corre a esconder-se debaixo da mesa ou detrás da porta, tal é o medo que tem dela! Como é que eu ía fazer uma coisa dessas à criança?! Ele não entende nada de política, mas reage assim quando lhe fazem cara de poucos amigos, que ele entende como ameaçadores à sua integridade física. Já conversei com ele, para o acalmar, mas é mais forte do que ele e a reacção é sempre a mesma. É bem possível que consulte um psicólogo.» Entrei na livraria, a sorrir, para sair pouco depois com mais alguns livros e alguma fome, era hora de almoço.
1 comentário:
:)))
Bom domingo, com votos!
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