sábado, 12 de junho de 2010

EUA apreensivos com a desvalorização do yuan chinês e do euro

Na passada quinta-feira, 10 de Junho, o Secretário americano do Tesouro, Timothy Geithner, afirmou que iriam sancionar a China por esta manipular as taxas de câmbio da sua moeda «com vista a obter uma vantagem injusta no comércio internacional».
Na Comissão de Finanças do Senado americano, Timothy Geithner endureceu a sua posição, perante o aumento do volume comercial da China, calculado em 1,8 mil milhões em Abril e que atingiu os 19,5 mil milhões de dólares em Maio. Segundo Geithner, a China tira proveito de um yuan excessivamente fraco e «manipula o valor da sua moeda» com vista a aumentar as exportações. «As distorsões provocadas pela taxa de câmbio chinesa ultrapassa em muito as fronteiras chinesas e são um obstáculo ao reequilíbrio mundial de que necessitamos», insurgiu-se ele.
Mas a China não tem qualquer intenção de revalorizar a sua moeda. «Não é do interesse de ninguém, nem da China, nem dos EUA, nem de outros países, ver grandes subidas do yuan ou grandes descidas do dólar», declarou em Maio último o Vice-Ministro chinês do Comércio, Zhong Shan, num discurso na Câmara de Comércio americana. Mesmo assim, Timothy Geithner irá pressionar Pequim na próxima cimeira do G 20 para que o país altere a taxa de câmbio do yuan.
Por outro lado, a desvalorização do euro em 6% face ao dólar, está também a contribuir para que as trocas comerciais dos EUA com o resto do mundo tenham vindo a diminuir. Segundo os números publicados no dia 10 de Junho pelo Departamento do Comércio em Washington, a zona euro, primeira parceira comercial dos EUA, é responsável pela queda em 30% das trocas comerciais dos EUA, em Abril. Não só desceu o valor das importações de bens americanos a partir da zona euro em 3,1%, como também o das exportações para a zona euro em 5,7%, o que constitui um duplo golpe para a economia americana, uma vez que a China e a zona euro são os seus principais parceiros comerciais.
Então, em que é que isto nos afecta? Aparentemente em nada, se o euro não desvalorizar muito mais, pois, por enquanto, até tem beneficiado as nossas exportações e é disso que necessitamos mais do que nunca.
É claro que a China, ao incomodar deste modo os EUA, que até prevêem sanções pelas práticas referidas (não estou a ver como se impede um país soberano de desvalorizar a sua moeda), é também um concorrente muito forte da União Europeia e tem a possibilidade de desvalorizar a sua moeda sempre que o entenda, contrariamente ao que se passa com o euro, cuja desvalorização se deve a diversos factores bem conhecidos de todos nós.
 
Fonte: RFI
Foto de Timothy Geithner, por Reuters/ Jonathan Ernst

2 comentários:

vbm disse...

E o Japão também anda preocupado. Ontem, o "Plano Inclinado" lançou pertinentes "insights" da temática económica global. Notável, que 60/61 avos do volume total de operações financeiras no mundo não respeita a transacções comerciais-económicas, mas a puras transcções financeiras de capital, empréstimos, compra e venda de acções e obrigações, pela dinamização (frenética) das poupanças (fundos de pensões) na tentativa de não perderem muito dinheiro... Lindo de ver o que vai acontecer ao dólar, ao yen, ao yuan, ao euro. A dança das divisas vai começar.

Maria Josefa Paias disse...

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Olá Vasco,

Obrigada por me trazer mais esses tópicos, que, em conjunto com o que tenho lido e ouvido, realmente nos dão um panorama completamente louco das prioridades das pessoas e dos países. Parece que continuamos a não aprender nada com as crises. É lamentável.

Um abraço.