Apesar da crise que atravessa, a Grécia continua a ser um país atractivo para a China, que acaba de assinar treze contratos com empresas gregas, principalmente no sector marítimo.
O Vice-Primeiro Ministro chinês Zhang Dejiang chegou a Atenas a 15 de Junho para uma visita oficial de dois dias, acompanhado por uma delegação de empresários, no decorrer da qual foram assinados treze contratos no valor de várias centenas de milhões de euros, nos sectores aeroportuários, da construção naval e da logística.
Os dois países são complementares no sector marítimo. Enquanto a Grécia possui cerca de 3.000 navios mercantes, a China tem uma grande necessidade de fazer transportar os seus produtos para os países ocidentais. E dos treze contratos assinados, sete respeitam ao sector marítimo. A empresa Cosco, o gigante chinês especialista em transporte marítimo e na construção de barcos, aprovou os acordos com o armadores gregos para o comando de vários barcos de mercadorias, o fretamento de barcos e a criação de uma empresa comum.
O porto do Pireu, perto de Atenas, interessa muito aos chineses e o grupo de construção BCEGI vai construir nas imediações desse porto um centro hoteleiro em associação com a sociedade grega Helios Plaza.
O interesse dos chineses pelo porto do Pireu, um dos portos mais importantes do Mediterrâneo, já data de 2008, quando o grupo chinês de transportes Cosco desembolsou 3,4 mil milhões de dólares para obter uma concessão para a gestão dos contentores no porto, e com o objectivo de aumentar e de modernizar o Pireu. A capacidade de acolhimento actual, que se situa nos 1,6 milhões, deverá duplicar com as alterações previstas.
Por outro lado, a empresa chinesa Huawei Technologies assinou um acordo de cooperação com o grupo de Telecom grego OTE. Estes acordos poderão trazer um balão de oxigénio a um país em grave crise financeira e, embora constrangido a aplicar um plano drástico de austeridade, Atenas decidiu relançar a sua economia.
Aliás, outros países estão interessados em investir na Grécia. O Qatar já investiu numa fábrica de gás natural na zona oeste do país, e anunciou a intenção de prosseguir com os seus investimentos. E a Turquia, o inimigo jurado, pode vir a ser também um parceiro económico da Grécia, tendo o Primeiro Ministro turco assinado já uma vintena de acordos nos sectores do turismo, da energia e do ambiente.
Tudo isto fez-me lembrar o texto que publiquei há dias sobre a apreensão dos EUA com a desvalorização da moeda chinesa e do euro e que agora, com todos estes investimentos que os chineses estão a fazer na Grécia, imagino que estejam já a roer as unhas. E para nós, europeus, a China acaba por ser incontornável.
O que tudo isto também me mostra é que não há quem queira investir em Portugal, com a consequente criação de postos de trabalho, e embora a agência Moody tenha baixado ontem ainda mais a notação da Grécia e nos tenha deixado em paz.
Fonte: RFI
Foto de George Papandreou e Zhang Dejiang por Reuters.
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