sábado, 20 de fevereiro de 2010

Assim, eu também não posso candidatar-me às presidenciais!

Na passada quinta-feira, no RCP, ouvi uma declaração de Alfredo Barroso, que foi chefe da Casa Civil de Mário Soares quando este desempenhou as funções de Presidente da República, em que dizia que Fernando Nobre nunca poderia ser Presidente da República porque não tinha qualquer experiência política, mas apenas médica e humanitária, acrescentando mesmo que tanto ele como Manuel Alegre eram apenas uns populistas de esquerda.
Se a Constituição Portuguesa diz que qualquer cidadão português, maior de 35 anos sem cadastro criminal, pode concorrer às eleições presidenciais e ser eleito, e sendo esta uma eleição pessoal e não estando a maioria dos portugueses filiada em partidos políticos, o que é que "essa experiência política" fornece que seja um bem superior ao carácter, honestidade, à dedicação aos outros, à cidadania activa de qualquer pessoa que deseje candidatar-se?

Nas fotos, da direita para a esquerda: Fernando Nobre e Alfredo Barroso.

12 comentários:

Benjamina disse...

Cara Josefa

Irão aparece as mais estranhas considerações para motivar que não se vote em Fernando Nobre.
A candidatura é mais genuína que a de qualquer político. Por isso, os ataques virão dos lados e formas mais estranhos.
A mim não me demovem!

Beijos

Miguel Gomes Coelho disse...

Maria Josefa,
Pode sim senhor e eu votava em si se estivesse em confronto com o Fernando Nobre...
Pelo muito que já escrevemos, nos escrevemos, eu sei o que pensa. É a diferença para o Fernando Nobre, não se sabe efectivamente o que ele pensa. Sabe-se que não é republicano e isso é um factor de exclusão logo à partida.
Um abraço.

Maria Josefa Paias disse...

Benjamina,

Fernando Nobre tem décadas de experiência de sofrimento humano originado por catástrofes naturais, por guerras e pela pobreza um pouco por todo o mundo, vejamos se tem estofo também para aguentar todas as rasteiras e "cascas de banana" que lhe coloquem neste caminho.

Beijinho.

Maria Josefa Paias disse...

Miguel,

Claro que não votava em mim, pois a razão que me excluiria da sua escolha logo à partida é eu também não ser uma "política profissional" e o Miguel já se pronunciou sobre este assunto dizendo que "o que necessitamos é de profissionais da política" para estas funções.

Por outro lado, eu não excluo nenhum português, republicano ou monárquico, do mesmo modo que não me interessa a religião que cada um professe ou não, ou a orientação sexual de cada qual, porque o que me interessa é a essência das pessoas e não alguns atributos.

Agradeço, no entanto, a sua gentileza.

Um abraço.

Manuela Freitas disse...

Olá Josefa,
Muito infeliz o que disse Alfredo Barroso!...
Inicialmente a candidatura de Fernando Nobre surpreendeu-me, porque tenho por ele grande admiração e, sempre tive a ideia que pessoas que valem por si próprias, nunca se metem na política, mas depois reconsiderando fiquei entusiasmada porque de «profissionais» de política estou cheia e considero que ele pode fazer uma grande diferença e ter o apoio de tantos descontentes, que desejam que algo de novo apareça, para acreditar que uma evolução é possível neste «charco» em que temos vivido nos últimos tempos.
Beijo,
Manuela

Rudolfo Wolf disse...

Não há nada como realmente, é o que se pode dizer do comentário que o Sr. Alfredo Barroso fez sobre este candidato. Lá vem a cassete que tanto criticam nos outros; populista porquê, em quê? Por acaso defender uma atitude ética na política é populismo? Falar de um imperativo moral é populismo? Se ainda se dissesse uma evidência para o lançamento de uma candidatura presidencial, mas populismo? Porquê? E por acaso falar em justiça social é populismo? Enfim...

Já quanto ao que o candidato pensa teremos que o ouvir e aí temos que tomar por boa a observação que o Sr. Miguel Coelho fez no seu comentário. Esperemos pois para ouvir as suas ideias, sobretudo no que diz respeito a questão fundamental de se perceber como o Presidente da República, enquanto primeira figura do Estado e com os poderes que tem à sua disposição, pode desenvolver um mandato que não só conflua para resgatar a nossa sociedade a esta lógica que a tem atrofiado nos últimos anos, como ainda possa criar um espaço de debate e entendimento para que se identifiquem os grandes propósitos dos próximos anos e os grandes estratégicos nacionais neste mundo que se vai transformando sob os nossos narizes.

Quanto à disputa que já se começa a querer lançar entre esta e a candidatura de Manuel Alegre, pelo menos para já, não faz qualquer sentido ir por aí. Ambas as candidaturas são importantes para chamarem o eleitorado a pensar nos problemas que nos afligem e que podem vir a estar no centro das preocupações da campanha. Se no futuro vierem a competir pela mesma fatia de eleitores, então competirá a cada uma das partes saber negociar com a outra e encontrarem uma solução de acordo com os interesses do país e não dos egos de cada um. Quanto a isso, parece-me que os apoiantes de ambas as partes têm um longo -mas sereno- trabalho de debate a fazer. Disso só poderá sair fortalecida a atitude e a cultura democrática. Se o conseguirem, estaremos desde logo a começar com uma vitória.

Devo pois agradecer esta oportunidade à Maria Josefa, a quem desejo um noite em paz e uma semana de trabalho em igual tom, com muita saúde e alegria

Rudolfo Wolf

Maria Josefa Paias disse...

Manuela, muito obrigada pelo seu comentário.
Se, de facto, quando as pessoas se queixam de que a dita "sociedade civil" não participa mais, quando aparece alguém da mesma logo é recebido com pré-conceitos ainda antes de ele abrir a boca. E nuns comentários dizem uma coisa e noutros o seu contrário, pelo que nem os tenho em consideração porque não têm ideias próprias. Andam ao sabor do que lêem noutros blogues ou nos jornais.
Beijinho e boa semana.

Maria Josefa Paias disse...

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Rudolfo,

Muito obrigada pela sua análise inteligente e lúcida sobre este assunto, a que não vejo que possa acrescentar mais nada de pertinente.

Boa semana e um abraço.

Anónimo disse...

Gostaria de lhe dar os meus sinceros Parabéns pela lucidez com que escreveu esse post, bem como pelas suas respostas aos comentários, Maria Josefa! :))
Quanto ao T. Mike gostaria de lhe fazer daqui uma pergunta directamente:
Se sabe realmente o que o seu candidato escolhido pensa, porque andava a fazer posts e comentários no "A Nossa Candeia" sobre a sua "posição" política?!
E se tem já a resposta, será ela verdadeira???

Miguel Gomes Coelho disse...

Maria Josefa,
Peço-lhe licença para responder à Fada.
Fada Amiga,
Eu ainda não tenho candidato.
Mas já sei em quais eu nunca votarei. Até poderei vir a não ter e procederei de acordo.
Coisa diferente é analisar as declarações políticas de um candidato, o que fiz e continuarei a fazer em qualquer blog e fundamentalmente no meu. Leia bem o que eu já lá escrevi sobre os candidatos que apareceram até agora e chegará à conclusão que eu não decidi o meu voto.Só saberá quem eu não quero.
Também um abraço.

vbm disse...

Também não votarei no Fernando Nobre, pelo menos em primeira escolha. A razão de não o preferir é a indicada por Alfredo Barroso: -«Não tem currículo político.»

Prefiro um presidente em que à partida confie de como saberá exercer politicamente os seus poderes, designadamente o de vetar leis e dissolver a assembleia dos deputados.

Maria Josefa Paias disse...

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vbm (Vasco),

Muito obrigada pelo seu comentário e pela manifestação da sua posição.

Abraço.