terça-feira, 16 de março de 2010

Afinal foi o PSD que fez a asneira de ter copiado os Estatutos do PS !

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Sobre o Congresso do PSD do passado fim-de-semana, o que mais foi destacado até agora foi a birra de Pedro Santana Lopes na véspera do mesmo, em que já não sabia se ia estar presente ou não porque queriam reduzir os trabalhos do Congresso a um só dia e não aos dois dias que estavam previstos, e ele, que tinha sido o motor da sua realização ao recolher as assinaturas necessárias para o mesmo, não se conformava e fez beicinho, admitindo não ir, porque um dia não dava para tratar de todos os assuntos, uma vez que além da apresentação dos 4 candidatos a Presidente do Partido havia também a aprovação de alterações aos Estatutos. E é aqui que Santana Lopes é de novo notícia porque foi dele a ideia de proibir e sancionar, em última análise com a expulsão do Partido, quem manifestasse opiniões contrárias às do líder no período de 60 dias antes de um acto eleitoral. Por isso, pouco se tem analisado o que de substancial se passou no Congresso porque quer na véspera do início dos trabalhos quer no encerramento, só houve um protagonista, que não perde nenhuma oportunidade que se fale dele para o melhor e para o pior.
A questão da liberdade de expressão dos militantes do PSD e as respectivas sanções no período referido levou, entretanto, o PS a dizer que ia apresentar o assunto para debate na Assembleia da República com o argumento de que é inconstitucional além de um atentado à liberdade de expressão.
Ouvi há pouco, no noticiário das 19.00 h da Antena 1, o Prof. Jorge Miranda dizer que, de facto, era inconstitucional e o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa dizer que não era inconstitucional, mas que tais limitações não faziam sentido e tinham que ser revogadas, acrescentando ainda que a asneira do PSD foi ter copiado isso dos Estatutos do PS.
Então, em que ficamos? Se constam dos Estatutos do PS, com que cara é que este vai debater o assunto na Assembleia da República (uma vez que já vimos como ficaram indignados por aquelas regras terem sido adoptadas pelo PSD)?
Alguém não está a dizer a verdade toda e eu não tenho os Estatutos dos Partidos à mão para desfazer as dúvidas.
Há quem diga que temos o que merecemos, mas não me conformo com isso. Merecemos melhor, muito melhor.

6 comentários:

Rudolfo Wolf disse...

E merecemos, Josefa, não tenhamos qualquer dúvida a esse respeito.

É claro que as generalizações, quando no discurso corrente, são normalmente abusivas, mas a verdade é que sem querer estar aqui a fazer a defesa romântica da bondade natural do(s) povo(s), neste caso o nosso, sempre me vem à memória o agradecimento que Willie Brandt fez aos trabalhadores portugueses pelo muito que contribuiram para a recuperação da economia e, por via da mesma, do tecido social alemão do pós-guerra. Ora essa gente foi recebida com espírito de integração e viu os seus filhos acederem às oportunidades escolares em que começa a mobilidade social.

Pois é aí que começa a nossa tragédia.

Como se tem processado a circulação das élites em Portugal? Ora aqui está uma boa pergunta que nos deveria fazer pensar e que nunca é colocada quando nos queremos debruçar sobre a tragédia de um país de Santanas, cuja melhor imagem é dada pela rede de Metropolitano da nossa segunda cidade, cujo único ponto comum a todas as linhas, isto é, o único ponto com acesso directo a partir de qualquer estação, é nada mais nada menos... Não, não, não é a Casa da Música, muito menos o centro da cidade ou alguma das suas áreas industriais, mas sim... Tatatatãããã.... O estádio de futebol, pois então que o que povo precisa mesmo é de bola que o circo passou de moda e o pão, lá está, bulorecendo no dia seguinte até nem é tão caro.

E é assim que temos partidos políticos que ao longo dos trinta e tantos anos de um regime que viu cair a justiça na lama, conseguiu desmantelar um sistema educativo que teria que ser melhorado para o substituir por laraxas que fazem equivaler o nada ao décimo segundo ano e, apesar de todos os melhorismos, ainda deixa que se morra à espera do exame médico, assim temos partidos, dizia, transformados em agremiações de defesa não do bem comum e do interesse público mas sim... You know, don't you?

Enfim, tristezas.

Alternativas?
Ai ai, aí é que está o problema, mas isso seria outra discussão.

Mas chega de desabafo até por não nos podermos esquecer que quem se mete com o PS... Leva! Ou já nos esquecemos disso?

Olhe, minha cara senhora, permita que a trate assim, o melhor para si, paz e saúde, muita paz e saúde é o meu maior desejo

Rudolfo Wolf

José Manuel Marinho disse...

Há pessoas para as quais a clareza não conta, pois estragavalhes as manobras. Bom texto. Tudo de bom. (poematar - José Marinho)

Unknown disse...

Concordo imenso com o comentário de
Rudolfo, portanto subscrevo as
suas palavras.
Uma das coisas que mais me entristece é a não reacção da
maioria do povo português a todo
o mal que o Governo lhes faz.
Cumprimentos/Irene

Maria Josefa Paias disse...

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Rudolfo,

Muito obrigada pelo seu comentário, que põe o dedo nalgumas feridas, reveladoras umas de más decisões, outras do pouco valor que damos aos exemplos que nos deveriam orgulhar e tentar seguir.

Quanto aos Partidos, é realmente de lastimar que o interesse do País não seja colocado em primeiro lugar, como já tivemos oportunidade de ler, entre outros, naquele texto de Pessoa sobre a disciplina partidária que publiquei recentemente.

Muita paz e saúde para si também.

Maria Josefa Paias disse...

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José Marinho (poematar),

Muito obrigada pelo seu comentário:)

Tudo de bom para si também.

Maria Josefa Paias disse...

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Irene (Antero),

Muito obrigada pelo seu comentário, e no que me é possível cá vou escrevendo sobre algumas contradições e mostrando a minha indignação, estando consciente de que a maioria, infelizmente, não tem esta oportunidade de fazer ouvir a sua voz.

Um abraço.