segunda-feira, 15 de março de 2010

Dia Mundial dos Consumidores

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Neste dia mundial dos consumidores, que é especificamente dedicado aos serviços financeiros, não vou falar de taxas, comissões e muito menos dos próprios serviços financeiros prestados pelos Bancos, porque não são novidade para ninguém.
Resolvi, por isso, utilizar um soneto que Natália Correia escreveu para a Revista do Cooperativismo e da Defesa do Consumidor, Come & Cala, em Dezembro de 1981, e que, pelo menos, não será tão conhecido.

Comsumatum Est

No caso consumado do consumo
em que o marchante de toda a tralha acampa,
do apetite bem espremido o sumo
o consumido também consome a campa.

Vais do teu tempo à morte, homem sem humo,
oco e lançado, mas não pela tua rampa.
Ditam-te o pasto; és rês e deitas fumo.
És só pressão; e não te salta a tampa.

E, no último anel desta espiral,
com recibos por coluna vertebral,
do gesto aquisitivo, a estrénua caça

remexendo em ruínas e concheiros,
de humanos dias, só acha, verdadeiros,
restos de um anjo com dentadura falsa.

(de Poesia Completa, D. Quixote, 1999)

8 comentários:

analima disse...

Vamos consumir muito... Natália Correia!

Rudolfo Wolf disse...

Josefa, Josefa, está por acaso insinuando que a nossa banca não é o sector da economia mais competente e profisiionalizado que melhor se modernizou e tudo à custa da competência e só competência dos seus líderes?
Essas histórias de juros ao consumo e sobretudo à produção que deixariam o maior usurário corar de vergonha; os mercados protegidos de produtos a que os clientes são obrigado para que não vejam os spreds agravados, essa coisa de se dizer que é um sector que paga impostos relativamente baixos, enfim, tudo isso é pura má língua, toda a gente disso.

Lá está, são as bruxas do Cervantes e se não levarmos isto pelo lado do humor, quem nos pagará as tristezas?

Saúde, Josefa, paz e saúde é o que lhe desejo e já agora, uma vida sem necessidade do recurso à banca também, pois melhor tónico para o bem estar pessoal não há

Rudolfo Wolf

Maria Josefa Paias disse...

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Ana, até mesmo a Natália deve ser "consumida" com moderação:)))

Beijinho.

Maria Josefa Paias disse...

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Claro que tudo isso é pura má língua, Rudolfo:)))

Por mim, nem um cartão de crédito quero, e todos os que me enviam pelo correio sem os ter pedido e até de bancos onde nem tenho conta, corto-os às tirinhas mal chegam.

É, de facto, um bom tónico para o bem-estar pessoal não dever um cêntimo a ninguém. Creio até, no meu caso, que não conseguiria sequer dormir se assim não fosse.

Obrigada e tudo de bom para si também.

analima disse...

Vá lá, não seja desmancha-prazeres. É só por hoje... :) Beijinhos

Maria Josefa Paias disse...

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Ana, como não quero ser desmancha-prazeres, vá lá, por hoje tudo o que quiser:)))

Beijinho:)

Anónimo disse...

Ora Maria Josefa e faz muito bem, em não querer um cartão de crédito... o melhor é mesmo gastar o mínimo e para isso, nada como dinheiro vivo... quem tem pouco e o vê sair num instante sem saber bem porquê, deixa de gastar o que não tem. Isso é o que muitos não fazem. São os Fúteis... coitados. Depois vêm os predadores, que gastam 2000 euros numa mala Louis Vuitton, enfim. O poema diz tudo!
Muito gostei do poema! :)
Um beijinho, Maria Josefa. :)

Maria Josefa Paias disse...

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Olá Fada Helena:)

Obrigada pelo seu contributo, sempre tão assertivo e apaixonado, embora deva esclarecer que, por recusar cartões de crédito não quer dizer que seja apologista do "dinheiro vivo" para tudo, pois acho que o cartão de débito, também conhecido por cartão Multibanco, é perfeitamente suficiente e útil para as minhas transacções.

Beijinho.