sábado, 9 de outubro de 2010

Domestic Violence Awareness Month

Durante o mês de Outubro, e em conjunto com os amigos da Organização Bloggers Unite, cada um escolhendo o dia que mais lhe convier, procuraremos sensibilizar para o gravíssimo problema, e também crime, que é a violência doméstica, de cujas vítimas, principalmente das mortais, ouvimos falar todos os dias no nosso país.
Tanto os homens como as mulheres podem ser vítimas de violência doméstica. Tanto os homens como as mulheres podem ser os agressores na violência doméstica. E tanto as vítimas como os agressores necessitam de ajuda. Ambos têm de afastar-se um do outro e desse ciclo de violência. Se houver crianças envolvidas, quer como vítimas de violência quer como espectadores inocentes da mesma, devem ser também afastadas desse ambiente. A violência doméstica não causa apenas danos físicos.
Se é vítima de violência doméstica, veja-se ao espelho e aprecie o seu próprio valor. O amor nada tem a ver com abusos físicos ou psicológicos. Ninguém tem o direito de agredir quem quer que seja.
Aos primeiros sinais, tanto a vítima como o agressor, devem procurar ajuda antes que seja tarde demais.
Embora criadas muito recentemente, em Portugal, há  já postos de Polícia com equipas mistas para darem apoio especificamente a vítimas de violência doméstica e com capacidade para encaminharem todo o processo para um Tribunal, no mais curto espaço de tempo.
Outro tipo de apoio, incluindo o psicológico, tem sido prestado pela APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima nos últimos 20 anos, apoio que se estende a vítimas de qualquer tipo de crime, com o telefone 707 200 077.
Como ficou ao nosso arbítrio escolher algo que possa simbolizar a manifestação do verdadeiro amor, escolhi o belíssimo poema de José Carlos Ary dos Santos
Estrela da Tarde
Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!


Ary dos Santos









Com especiais cumprimentos para a Bloggers Unite

4 comentários:

Anónimo disse...

É um problema muito grave mesmo.
Mas a questão é bastante complexa. Normalmente as vitimas de violência doméstica, mesmo depois de verem o que os seus companheiros (mesmo?) são capazes de fazer, "conseguem" perdoar sempre o agressor...E isto é inexplicável! Ultrapassa o bom senso e vai para o campo do amor/sentimentos (que nunca se conseguem explicar...) e isso faz-me muita confusão! O que temos de fazer? Alertar essas mesmas mulheres! Fazê-las ver que aquilo não é normal e que o "quanto mais me bates mais eu gosto e ti" não faz sentido nenhum!

É urgente! Porque os casos aumentam de dia para dia...
Os conhecidos do público...E aqueles que ficam "arquivados"?

É grave...

Cumprimentos

PS: Domingo sai uma nova Crónica do Desassossego no Thoughts and Letters. Gostaria que passasse por lá ;)

Manuela Freitas disse...

Olá Josefa,
Realmente este é um problema grave e por trás a problemática é tão complexa, que muitas vezes leva à conformação. São as ameaças de morte se uma pessoa se queixar, são as questões familiares envolventes, são as repercussões económicas...
Os casos aumentaram e também a falta de independência económica é um factor importante. A questão do desemprego tem imensas implicações.
Eu defendo esta causa, obviamente!
Escolheu um poema muito bonito.
Bjs,
Manuela

Maria Josefa Paias disse...

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João (Guakjas),

Por tudo isso é que me associei a esta iniciativa, tentando dar sugestões para logo que o problema se declare, pois tanto vítima como agressor necessitam de ajuda.

Obrigada e cumprimentos.

P.S. Como agora arranjei tempo para responder aos comentários, vou tentar ir também ao seu blogue :))

Maria Josefa Paias disse...

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Olá Manuela,

E para fazer o contraponto a essas tragédias que nascem pelas mais diversas razões, incluindo as económicas, como refere, e o desamor, é que escolhi um poema sobre "amores perfeitos", a Estrela da Tarde, de Ary dos Santos. Depois, como me pareceu que era belo demais para ficar aqui escondido, publiquei-o no Direito e Avesso, como já deve ter reparado. No Fb teve o maior sucesso :))

Beijinho.